Coisinhas Insignificantes



                          Existem certas coisas na vida, que eu não entendo. Coisinhas insignificantes, das quais nunca reclamamos, ou quase. E agora, pela primeira vez, em meio a escura e silenciosa noite, percebo como os humanos são idiotas! Com o maxilar rígido, suando frio e desatando uma guerra na minha cabeça, me pergunto; por que as descargas fazem barulhos tão altos?! Talvez fosse por uma questão de segurança, no caso de alguém ficar trancado dentro do banheiro, enquanto fazia o seu show matutino antes de tomar banho.
            
                       Quem  sabe, era um tipo de código, como por exemplo: se apertassem a descarga três vezes, era porque alguma coisa não estava bem. E isso deixaria  as pessoas que relaxavam por ali, mais atentas. Por outro lado, até onde eu sei, os desafortunados que passavam por aquela situação costumavam gritar e bater na porta, se preparando para em situações extremas, tentar arromba-la. De qualquer jeito, o barulho que a descarga fazia era o que atrapalhava meus planos naquela noite.                         
                    Talvez se eu apertasse ela bem devagarinho, os pais da minha amiga não escutariam o seu barulho estridente. O que permitiria que eu dormisse em paz, ao em vez de me preocupar com o que os moradores pensariam de mim, ou quando eu fosse embora e eles comentassem enquanto jantavam: "Aquela menina fez muito barulho a noite. Que mal-educada!" Bem, o que restava a pensar e decidir era: eu vou ao banheiro, libero a tensão que sinto nas juntas e aperto aquela descarga com a duvida inquietante de ter acordado alguém, ou seguro a imensa vontade de me direcionar ao tão amado banheiro, mas com a certeza de que ninguém comentaria sobre barulhos a noite na mesa de jantar.                     
                  O problema em si, não era o barulho que se espalharia pela casa, mas sim por ser a primeira vez que eu dormia naquele local. Eu queria passar uma boa impressão para os pais da minha amiga, queria que  no dia seguinte ela me mandasse uma mensagem dizendo: "Acho que meus pais vão te adotar, eles te amaram!" Mas cá estou eu, deitada na cama, olhando para o teto e apenas imaginando o que eu faria, pois vamos combinar; até agora eu não tinha mexido um músculo sequer. A cada segundo, a vontade de me levantar e caminhar nas pontas dos pés aumentava, mas um incrível autocontrole, do qual eu não me julgava capaz, impediu esse ato e me obrigou a pensar em um plano, pois estava mais do que claro que aguentar ainda mais, iria resultar em uma catástrofe maior. 


 

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